“Ora, o reino em nós nos tira a obrigação de salvar o mundo, e nos dá a alegria de ver Deus salvar a nós mesmos”.
Quando eu reconheci a Jesus como meu Senhor, em 1973, logo percebi que havia uma obra de Deus a ser feita “em mim”.
Isto porque o convívio com meu pai me evidenciou que não poderia haver qualquer coisa que fosse do agrado de Deus, se não viesse de dentro, do coração.
Na mesma época fui apresentado ao Apóstolo dos Pés Sangrentos, o Sadú Sundar Sing, e me fascinei ante a possibilidade de viver uma vida espiritualmente profunda, e, como conseqüência disso, dediquei-me intensamente ao jejum por muitos anos.
A leitura bíblica era como respirar, e a oração como viver…
À noite, muitas vezes, acordava enquanto recitava Efésios, Colossenses, Filipenses, etc… de cor. Muitas vezes me apanhei… acordando… já no final da carta, e quem ouvia dizia que eu a havia recitado toda. Tamanha era minha imersão naquilo tudo, que, para mim, não era um conteúdo externo a mim, ou intelectual, mas algo intrínseco, mais profundo do que eu podia designar o que fosse profundo.
No entanto, toda essa busca interior, por um paradigma que também me foi estabelecido na mesma época—e que era fruto do melhor dos tempos—, tinha um objetivo: pregar a Palavra com poder e unção, e levar muitos ao conhecimento de Deus.
Ou seja: mesmo naquela devoção havia uma certa devoção também ao poder espiritual, por mais que Deus fosse amado.
Era parte da demonstração de amor a Deus pregar para o maior número possível de seres humanos!
Desse modo, a devoção, por mais pura que fosse, ainda tinha um objetivo missionário; o qual poderia ser aferido de modo externo.
Na mesma época também apareceu a espiritualidade dos cristãos orientais, com forte ênfase na Vida Cristã Normal, ou na Autoridade Espiritual. Havia naquela visão uma busca intimista, porém, o aplicativo era profundamente comunitário, e tinha seus mecanismos de aferimento também do lado de fora.
Depois veio a busca por uma Espiritualidade Integral, especialmente sob os auspícios do chamado “Pacto de Lausanne”. Naquela visão o lado de dentro já estava quase todo do lado de fora, e as grandes manifestações de espiritualidade se manifestavam mediante a capacidade de fundir muitas variáveis da missão num projeto único. Portanto, “holístico” e, também, “integral”.
Devagar o lugar da devoção foi se movendo da dimensão mística, para a racional; da vivencia experiencial interior, para a missão com praxes socialmente perceptível; da paixão para a visão estratégica; do ser agido para o agir; do estar disponível para Deus, para a pretensão de ser sujeito operante da história a ser feita.
Nesse ponto, de modo muito sutil, o reino de Deus já não está apenas dentro de nós, mas, sobretudo, é entendido como tendo que ser estabelecido fora de nós, e por nós.
Quando se chega aqui, neste ponto, a obra interior de Deus cessa, e só pode ser retomada mediante o Caminho da Desconstrução… seja ela qual for… e nunca sem dor. Isto se Ele estiver interessado em disciplinar você em amor, e traze-lo para o reino que é!
De fato, no fim de tudo, se você for bem-aventurado, você volta para antes do principio de tudo em você um dia. E, no meu caso, foi e está sendo um caminho de ser de Deus apenas por Deus; buscando a verdade de Deus não fora de mim, mas dentro de mim; discernindo a grande tarefa do Espírito como sendo apenas em mim; e não tendo nenhuma esperança em qualquer “reino de Deus” que não esteja, sobretudo, “em vós”.
Ora, o reino em nós nos tira a obrigação de salvar o mundo, e nos dá a alegria de ver Deus salvar a nós mesmos.
E isto significa que o trabalho de Deus é uma obra infinda de entalhamento de Seu Filho em nós; de tal modo, que tudo o que apareça “fora” seja apenas e tão somente o resultado dessa gestação do reino no coração.
Obviamente que tal obra acaba por se evidenciar, assim como o fruto é a evidencia da vida da árvore.
Nesse caminho, oração, meditação e contemplação, se fazem acompanhar de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
E também se fazem acompanhar de um arrependimento que é permanente mudança de mente, conforme a revelação do Espírito do Evangelho, em Jesus.
Então, o reino deixa de ser uma tarefa humana, um conteúdo teológico, uma façanha de heróis da causa de Deus, e passa a ser apenas algo irresistível como o sal quando liberado, e tão irreprimível como a luz, e tão subversivo quanto o fermento que cresce implacável sem fazer nenhum barulho.
É neste lugar-ser que quero ser-estar!
Venha o Teu Reino. Seja Feita a Tua Vontade. Pois Teu Reino está em nós!
Caio
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Leitura complementar:
O QUE É CONVERSÃO?
CONVERSÃO é não ter absolutamente nenhum outro ponto de vista que não venha do Evangelho.
CONVERSÃO é não ter nenhum outro ponto de partida que não parta do Evangelho.
CONVERSÃO é não ter nenhum outro chão para caminhar que não seja o do Evangelho.
CONVERSÃO é não almejar nenhum outro ponto de chegada que não seja o do Evangelho.
OU SEJA! CONVERSÃO é estar impregnada do Evangelho, dando razão a Deus todo dia, em um processo que pode ter começado um dia, mas que só terminará no Dia em que transformados de glória em glória nós nos tornarmos conforme a semelhança de Jesus.
CONVERSÃO é renovar a mente todo dia.
CONVERSÃO é discernir este século e não nos conformarmos com ele.
CONVERSÃO é ver o mundo no mundo, e ver “mundo” também no que se chama de “igreja”.
CONVERSÃO é chamar de mundo não necessariamente o ambiente fora das paredes eclesiásticas, e nem tampouco chamar de “Igreja” o ambiente dentro das paredes eclesiásticas.
CONVERSÃO é saber que mundo é um espírito, um pensamento, ou uma atitude que pode estar em qualquer lugar, e está freqüentemente nos concílios de um modo muito mais sofisticado do que está nos congressos políticos explicitamente definidores de política no mundo.
CONVERSÃO é manter a mente num estado de arrependimento constante, de metanóia, de mudança de mente, que por vezes acontece com dor e outras vezes só pela consciência que vai abraçando o entendimento e vai dando razão a Deus, e vai dando razão a Deus, e vai dando razão a Deus, e vai dizendo Deus tem razão. Sim! Conversão é crer que a Palavra tem razão sempre; e se ela tem razão eu quero conformar a minha vida conforme a verdade do Evangelho.
Caio Fábio
(Editado por Carlos Bregantim, retirado da entrevista concedida à ECOTEV em Fevereiro à de 2007 em São Paulo).
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“Jesus é a chave para interpretar a vida e a Bíblia!”
Caio Fábio