Bastaria dizer:
“Meu Deus é o Senhor!”
Ou afirmar:
“Meu Deus está em Cristo”—e, então, fazer um estudo bíblico sobre “Quem é Deus”.
Mas não é isso que quero dizer. Quero falar de Deus em mim!
Portanto, nesse sentido, o “meu Deus” está crescendo. Digo, crescendo em mim!
Quem é o meu Deus?
Meu Deus não quebra o quebrado, não julga aquele que já se julgou, não lembra aquilo que a dor já clamou para esquecer!
Meus Deus é santo. Ele não se mistura com o mal. Ele tolera a maldade, mas não se faz cúmplice dela—um dia botará fim a todo mal!
Meu Deus é justo, mas não é justiceiro. Sua justiça maior é tornar justos os injustos!
Meu Deus é carinhoso, sabe fazer cafuné e oferece o peito para eu chorar!
Meus Deus é passional, é capaz de se irar, de me espremer, de ficar ofendido pelo meu descaso para com a Graça!
Meu Deus não muda, mas se arrepende; não tem surpresas, mas volta atrás; sabe tudo, mas se surpreende!
Meu Deus não quer ser Deus! Ele não busca essa posição! Ele é!
Meu Deus é extravagante, é chocante e tem prazer em criar o que ninguém conhece, e encontra prazer até em coisas que eu chamo de repugnantes!
Meus Deus tem gostos tão infinitos quanto assustadoras são as suas criaturas nos céus, na terra e em qualquer outro espaço ou dimensão!
Meu Deus pode esquecer tudo. Para Ele tudo o que já foi ainda não foi, e tudo o que será, para Ele já foi. Ele é!
Meu Deus é marido, é amante, é pai, é mãe, é amigo, é guerreiro, é brisa, é tempestade, é silêncio, é estrondo, é fogo, é água, é vida, é outras formas de vida—pois fez da morte uma passagem!
Meu Deus me assusta, me acalma, me apaixona, me aquieta, me põe para adiante e me faz parar!
Meu Deus ouve orações mas só responde como quer! Deixa eu querer e, por vezes, faz como a Ele peço!
Meu Deus esconde Sua vontade de mim. E me pede que a conheça. Assim, meu Deus me ordena a viver e a aprender!
Meu Deus fala, mas só entendo quando Ele revela!
Meu Deus é fiel, mesmo quando sou infiel. Mas não tolera que eu o negue.
Ele prefere a pior confissão de traição que a não admissão da verdade!
Meu Deus não se farta com devoções exteriores. Ele só aceita louvores do coração!
Meu Deus morreu por mim!
Meu Deus ressuscitou por mim!
Meu Deus vive em mim!
Meu Deus está em mim mesmo quando meus atos não estão Nele!
É por isto que Ele é bom, e eu não!
É por isso que Ele é Deus e eu sou apenas um homem!
Eu o amo porque Ele me amou primeiro!
Meu Deus só é meu porque me fez ser Dele!
Caio Fábio
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Leitura complementar:
OS deuses SÃO POTESTADES, POIS SÓ DEUS É AMOR!
Todos os deuses dos povos são feitos de força e poder, pois, força e poder é o que os homens mais desejam.
Dentre todos há um “deus” que por sua própria natureza não pode ser definido como “deus”, que é o Estado Essencial, Primordial, Final e Eterno de Toda Existência, conforme a descrição budista de deus-sem-eu.
O “deus” budista não ofende nunca. Seu convite emerge da consciência humana como iluminação, fruto da anulação dos falsos desejos do eu projetado, da escolha do caminho do meio, que é a via da sabedoria; e mediante a vida de serenidade, justiça e bondade em todas as coisas. É um convite para não se estressar aqui a fim de mergulhar no nada individual e no todo-tudo-cósmico em algum além-nirvânico.
Sobre tudo e todos, fora de qualquer disputa ou competição, há Aquele que diz de Si mesmo que Ele é Ele, é pessoa, é o Eu sou.
Ora, Esse é Deus. E é todo-poder, toda força e toda sabedoria. Entretanto, Ele diz de Si mesmo que apenas É (Eu Sou) e que É amor.
Por isso, amar faz sentido quando se diz que se O conhece.
Por isso, amar é mandamento para quem diz que O conhece.
A partir de “quem e como” si diz que cada deus é, pode-se ver se faz sentido amar ou não.
Amor é credo sem sentido sendo os deuses dos povos como eles são.
Os servos de tais “deuses” amam porque amam, pois, não teriam razão para amar que lhes viesse da natureza essencial do “deus” que dizem confessar.
Eu não teria razão radical para amar olhando para qualquer “deus” deste mundo. Todos são força, poder e potencia. Todos são Potestades (Poder).
Se cresse num deus assim, eu me achegaria ao que fosse mais poderoso. E, nesse caso, eu mesmo desejaria ser poderoso entre os homens, como um Ninronde, como um Bill Gates.
Sim, se eu cresse num deus desses, escolheria o mais forte; e eu mesmo buscaria sua imagem e semelhança; e, portanto, sendo seu filho, desejaria me apresentar à altura de meu deus.
Mas não é assim comigo. Meu Deus é poder, força, majestade, glória, e tudo o mais que for mais, ou que seja, ou possa ser. Entretanto, de Si mesmo Ele diz apenas “Eu Sou”, ou deixa que se O aniquile em atributos pela inspiração que diz “Deus é amor”.
É por tal razão que o povo que diz conhecê-Lo ser convocado a amar o mundo, a criação e toda gente, pois, Deus é amor.
Assim, o Único Deus é Amor. E Seus discípulos em consciência, entre os homens, são, por tal razão, chamados a amar; não a demonstrar poder, força, potência, capacidade, prosperidade ou riqueza; pois, todas essas coisas só são boas quando existem de modo tão subserviente ao amor, que todas elas são esquecidas, visto que o que prevaleça na essência do ser seja amor.
Desse modo, toda ênfase em Deus que seja objetivada em poder e força, é devoção ao espírito dos deuses deste mundo. Deus é o Todo-Poderoso, mas isso é apenas bom porque Ele é amor; do contrário, um Deus Todo-Poderoso que não fosse antes de tudo amor, seria um perigo a toda criação. De fato, tal Deus seria o próprio diabo.
Deus, porém, é amor!
Mas aqueles que se devotam aos deuses de “poder e força” (e seus derivados, como a prosperidade, etc.) não sabem o que é amor, senão como sentimento de afinidade egoísta e pagã; posto que o amor à força e ao poder sobre as pessoas, impossibilita qualquer amor que sirva às pessoas. E amor que não se dá, é tudo, menos amor conforme o Deus que é amor.
Assim, diga-me como é o seu “deus” e eu direi quem e como você é.
Caio
Monte Sião
Escrito em 2007
BR-AM 010
Vila Lindóia
Amazonas
Obrigado sempre Caio
Tu és meu irmão