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“Salvação é realidade que se expressa como caminho de crescimento em individuação, de glória em glória, sendo transformados conforme a imagem de Jesus, ao mesmo tempo em que vamos nos tornando cada vez mais nós mesmos em Deus. Até se chegar ao clímax de se ter um nome que somente o indivíduo e Deus conhecem”.

Todos fomos feitos em Adão. Todos caímos em Adão. Todos morremos em Adão. Todos fomos destituídos de nós mesmos em Adão. Sim, de algum modo e de alguma maneira, todos pecamos e todos nos desviamos da imagem e da glória de Deus.

Cair da glória é sair de si. Assim, pecar é o existir fora de si em Deus. Essa é a perdição: nos perdermos de Deus porque o que somos não corresponde a nós em Deus.

Ora, é na realidade da individualidade pessoal que a imagem de Deus toma forma em cada um de nós.

É também na perda da individualidade que nasce o egoísmo; pois o egoísta é sempre o ser inseguro de si mesmo.

Cair da glória de Deus é se desviar do indivíduo original, do Adão Primal, da vocação para ser quem se foi criado para ser.

Deus nos fez à Sua imagem. E isto não quer dizer que Deus fez pequenos clones Dele próprio, mas sim que em cada um de nós Ele pôs a Si mesmo, mantendo a individualidade de cada um.

De algum modo, todavia, todos nós perdemos a nós mesmos, tornando-nos falsificação de nós próprios.

“Eu” sou a imagem corrompida de alguém que não Me representa em Deus.

Corromper a imagem de Deus, portanto, é tentar ser um outro “eu” que não sou eu; pois, eu só sou eu, em Deus; e, fora de Deus, eu estou também fora de mim.

Sem Deus sou “eu” sem Eu.

Somente em Deus alguém pode ser ele ou ela mesma sem enlouquecer, pois, a busca por ser o eu-real sem Deus inevitavelmente conduz a um estado insuportável, e que leve à insanidade mental e espiritual.

Ao nos desviarmos de nós mesmos, perdemos a chance de viver naturalmente em Deus. Isto porque Deus só se relaciona com os homens pela via da verdade de ser. Ele se relaciona com quem somos, nunca com quem não somos. Ora, nós nos tornamos quem não somos; e nossa infelicidade é prova disso.

Somos infelizes na medida em que somos quem não somos. Quem é em Deus, esse é feliz, mesmo quando sofre.

Por isso o publicano, mesmo sendo assumidamente pecador, era ainda preferível a Deus que o fariseu; pois ele era quem ele era; ao passo que o fariseu “narrava” para Deus um “eu” que não era o seu eu real. Isto em razão de que pela hipocrisia vivia para representar papeis para “si-mesmo”, para os homens, e para “Deus”.

O publicano falou com Deus. O fariseu, porém, falou apenas de “si” para “si-mesmo”… sem Deus.

Relembrando: Todos fomos feitos em Adão. Todos caímos em Adão. Todos morremos em Adão. Todos fomos destituídos de nós mesmos em Adão. Sim, de algum modo e de alguma maneira, todos pecamos e nos desviamos da imagem e da glória de Deus.

Em Cristo, no entanto, eu fui morto para o que me matava, pois, o que me matava era a meu exílio de mim mesmo. Todavia, fui ressuscitado em Cristo para poder ser quem eu sou em Deus.

Ora, quem eu sou em Deus é absolutamente singular. Tão singular que corresponde a ter “um novo nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.

Assim, cada indivíduo tem que se reconciliar com Deus a começar da reconciliação consigo mesmo; pois, ninguém poderá caminhar na direção de Sua própria imagem em Cristo, se não se dispuser a ser ele ou ela mesma em Deus.

É “normal” que um ser humano exista todos os dias de sua vida sem jamais ser ele ou ela mesma um único dia de sua existência.

Isto é estar morto em delitos e pecados. Isto é estar sem Deus no mundo. Isto é estar banido da face do Senhor e da Glória de Seu Poder.

Isto é viver como o Filho Pródigo do Evangelho, que deixou de ser ele mesmo, e perdeu-se. E só voltou a ser ele mesmo quando “caiu em si”… quando voltou a si… ao se ver… e comparar seu estado com a imagem do amor do Pai como vocação para ser.

Salvação é realidade que se expressa como caminho de crescimento em individuação, de glória em glória, sendo transformados conforme a imagem de Jesus, ao mesmo tempo em que vamos nos tornando cada vez mais nós mesmos em Deus. Até se chegar ao clímax de se ter um nome que somente o indivíduo e Deus conhecem.

O caminho da restauração da imagem de Deus em nós é também um caminho de abraço do individuo ao seu eu verdadeiro; pois, não há nenhuma imagem de Deus em crescimento em nós, se nós não nos deixarmos transformar em quem fomos chamados para ser Nele.

Quanto mais alguém abrace seu chamado para ser em Cristo—deixando-se transformar pelo Espírito, conforme a revelação do entendimento da verdade de acordo com o Evangelho—, tanto mais tal pessoa caminhará para ser ela mesma em sua melhor expressão; e não mais conforme a pior versão do eu falsificado, que é Queda e conformidade passiva com ela.

No chamado para abraçarmos a nós mesmos em Cristo, não há nada de conformidade com nossas próprias doenças, as quais, muitas vezes, se disfarçam como “traços imutáveis de nossa ‘personalidade’”.

Geralmente quando falamos de “traços imutáveis” de nós mesmos, estamos apenas revelando quais são as doenças do ser que não queremos entregar para a luz da verdade, posto que não desejamos ser curados de nossas doenças e estelionatos existenciais.

A genuína conversão inicia esse processo de fazer a pessoa ser ela própria, na melhor manifestação dela própria; e que será tão mais bela quanto mais próxima esteja do seu eu real, que é em Deus.

Ora, Jesus é a imagem de Deus no homem. Ele é o Filho do Homem. Assim, crescerei para ser eu mesmo tanto mais quanto eu me torne seguidor interior de Jesus, conforme a fé que atua por meio do amor.

O oposto disso é seguir o “curso deste mundo e o príncipe da potestade do ar”, conforme disse Paulo; e que é também se “conformar com esta era”.

Ora, o espírito de conformação é concessão à clonagem de nossa era, a qual sempre propõe modos e modas existenciais, às quais a maioria se entrega, deixando-se levar pelo fluxo dessa onda que afasta o indivíduo cada vez mais de si mesmo, de seu eu real.

Portanto, estar em Cristo é também ficar liberto da falsificação do eu; por isso é também chamado a que se renda esse “eu” a Deus; visto que somente em Deus eu encontrarei a mim mesmo como eu real.

Assim, o caminho da transformação é sempre uma jornada de auto-descoberta e de encontro com nós mesmos, até que cheguemos a plenitude de nós mesmos em Deus, quando teremos “um novo nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.

Desse modo tenho que dizer que não há crescimento na imagem de Deus que não signifique também um caminho de individuação em Deus, e que somente acontece quando eu me deixo transformar de gloria em glória conforme a imagem de Deus em Cristo Jesus.

Nele,

Caio

………….

Leitura complementar:

AO ENCONTRO DA PEDRINHA BRANCA.

Acabo de pregar em uma igreja.

Era uma reunião para jovens. O tema era Crescer. Como fui para lá às pressas —eu estava aqui no site até quase a horinha—, saí naquela de quem sabe que Deus dá: já deu!

Fui…

Acabou que quando eu ia chegando lá… me veio aquela pedrinha branca, que ninguém nunca viu, e que tem o nome do cara que venceu em Cristo.

Eu estava dentro do táxi…

“Darei uma pedrinha branca, com um nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”—veio aquela pedrinha, quicando pra dentro do meu coração.

Já sei Senhor!—exclamei. Vou falar sobre a desgraça que é subordinar a identidade da gente ao instinto animal, ao dever psicológico da adaptação, e vaidade de ser—que é o espírito sem espiritualidade, sem vida.

Então, tentei não pensar em mais nada. Nem naquilo. Busquei ficar com a mente livre até da obrigação de como dizer.

Fiquei leve e livre!

Então falei com eles sobre como a gente vai dando nomes às coisas, chamando-as sempre por outros nomes, e atribuindo os resultados e as causas sempre a outros elementos—coisas que são nossas, e outras que acontecem à nós—; mas nunca vendo que a verdade é outra.

E, mais ainda: que todas as nossas doenças são fobias do medo do ser humano que não sabe seu verdadeiro nome.

Esta é a crise essencial de identidade da qual todo ser humano sofre.

Isto é ser e estar perdido…

O cara, de fato, não sabe quem é.

Então, faz como Adão: veste-se com folhas de figueira.

Pode ser o que for: o durão, o sedutor, o gênio, o artista, o pastor, a mulher insaciável, o homem garanhão, o santo de bondades escravas da obrigação, o correto, o contábil, o ajuizado, o fraco, o carente, o animal, o intelectual, o ladrão, o intercessor, o juiz, o advogado de defesa—qualquer um!

O problema dele, todavia, é um só: insegurança, que é a outra face do medo.

A outra face do medo não é fé. A outra face da fé são as obras. Mas a outra face da insegurança é o medo.

Medo. Pecado. Pecado é medo. Medo é pecado.

Não estou falando de medo natural, com causa, efeito e sistema lógico apresentável.

Estou falando é do medo essencial, que gera ansiedade, que produz insegurança, e que daí em diante ganhas muitas faces, algumas até antagonizando com o seu pai-mãe-interior.

Afinal, tem muito valentão que só bate nos outros porque o medo dele, advêm da burrice.

And so on…

O fato que é que tem gente que brincava de carrinho e, quarenta anos depois, ainda brinca de carrinho…

Nada contra brincar de carrinho. Vale como hobbie, mas não vale como vida.

Nós estamos todos aqui para andar até aquela pedrinha branca…

Esse é o vencedor!

Aquela pedrinha branca está no meu caminho. No meu caminho está aquela pedrinha branca.

A promessa é que o galardão é a mais absoluta individuação. Você conhecerá aquele nome que você ouviu quando Deus o chamou, e você atendeu, mesmo enquanto Ele teve toda a paciência de ver você tentar cumprir outros papeis, submetendo-se a tantos scripts, tantos roteiros alheios, tantas performances—sempre postergando você à você mesmo, e, portanto, sendo um ser salvamente perdido, que o Pai faz tudo para ver se consegue fazer ele —o carinha— se enxergar, antes de chegar lá.

Essa é a cegueira humana mais essencial.

Nossa perdição esta nessa busca de achar.

Aquele que perde, é o que acha. Aquele que acha que achou, é quem perde.

E quem o contestará?

A gente está a caminho da pedrinha branca. Vou kikando na direção dela. Ela vai quicando em mim. E eu penso que estou indo para ela… Ela olha para mim, e diz de mim para mim: “Seu bobo, eu é que estou indo em ti; pena que a gente só vá se conhecer quando você me enxergar totalmente em ti mesmo na presença do Pai”.

O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua pedrinha branca?

Que santo amor!

Perder a si mesmo é achar a si mesmo…

Então, só é perda para aquele que acha que ganhar o mundo vale alguma coisa; e só é ganho para aquele que sabe que a pedrinha branca é ser em plenitude.

Portanto, que gire o mundo para onde quiser—siga seu curso—, mas minha pedrinha branca, que já é em mim, quer ser apresentada a mim e eu, a ela.

Então, eu serei eu…

Quanto mais achado, mais perdido.

Quanto mais perdido, mais achado.

Quanto mais, menos.

Quanto menos, mais.

Quando sou fraco, então é que sou forte.

Quando sou forte, então é que sou fraco.

Quando não sou, envergonho as coisas que são.

Quando não sou, eu sou o que sou, todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.

Quem lê, entenda!

Beijão,

Caio

(Escrito em 4 de julho de 2003)

No Divã de Deus

No curso online No Divã de Deus, o Rev. Caio Fábio expõe Salmos para tratar os conflitos psicológicos comuns a todos nós.

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