Ora, a Palavra de Deus para Ele era a Verdade de Deus, podendo ela chegar aos homens pelas Escrituras, pela Voz de Deus na consciência, pela vocalização silenciosamente majestosa da Criação, pelas trocas de amor e verdade entre os humanos, pelas metáforas das circunstâncias na existência, nas dores, ou mesmo até pelo pelo “vento” [rsrsrs – João 3]; e, sobretudo, por meio do Seu Filho, a Quem constitui o herdeiro de todas as coisas, sendo Ele também a expressão exata do Ser de Deus. [Epístola aos Hebreus cap.1]
Por “Palavra Permanente em nós” Ele se referia a termos discernido “de que espírito Ele era”, e, assim, termos definido que conforme o espírito-modo-olhar-sentido-Dele […] também seremos neste mundo e para sempre. É como morrer Nele. Nada é mais definitivo do que algo assim … como um morrer mesmo. Acabou! É! Pronto! Não há re-visão Dele em mim. Apenas há re-visão minha Nele!
Portanto, o que Jesus estava dizendo ao indagar por que Sua Linguagem não era compreendida por aquela geração-de-religiosos-“evangélicos”- judeus … basicamente era o seguinte:
Vocês não me entendem apenas porque decidiram não me entender, pois não querem a mudança absoluta que a minha-palavra-de-Deus trás; posto que gere um estado novo de olhar que é o oposto de tudo o que vocês defendem.
Portanto, o que Jesus diz é que Entender É Uma Escolha!
Sim, uma escolha que revoluciona todos os dogmas e certezas prévias, e, portanto, insuportável para todos os que cultuam a imutabilidade das leis, regras e gessos existenciais.
Ou seja:
Entender é para quem não teme a Permanente Impermanência do viver que existe em mudança existencial e conversão ininterrupta.
A Palavra de Deus Permanente em mim é a garantia de um estado de arrependimento permanente! De conversão permanente…
Só pode discernir a linguagem de Jesus quem não teme as consequências de Jesus na existência!
Nele, pedindo que você compreenda,
Caio
5 de janeiro de 2014
Lago Norte – Brasília
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Leitura complementar:
O SIGNIFICADO DE “ENTENDIMENTO” PARA PAULO.
Entendimento Espiritual é a expressão que melhor designa o que Paulo deseja expressar como Consciência do Evangelho.
De fato, todos os demais termos—como conhecimento, sabedoria, ciência, e compreensão—não carregam a força sintética dessa expressão, e nem condizem tão amplamente com o que a Consciência do Evangelho significa.
Entender em fé, de fato, é mais que conhecer, saber, compreender, e ter ciência.
Entender em fé é mais profundo porque remete o entendimento que é, para o si-mesmo, que é no indivíduo.
Entendimento é entender; e entender é um “cair em si”, ou ser-em-si-mesmo. Entender é, portanto, um tender-em-si-para-si; e isto se estabelece como consciência, não necessariamente também como ciência, compreensão, e conhecimento, ou até mesmo como uma sabedoria explicável em provérbios.
O entendimento espiritual é um lugar-existencial-de-ver. É uma convergência para a essência das coisas, e que passa a ser esse lugar-visão, de onde tudo o mais é visto, percebido, discernido e examinado. Sim, tudo o mais é visto pelo e com o Entendimento.
Desse modo, temos que admitir que quem quer que tenha Entendimento Espiritual na Graça de Deus, conforme a Consciência do Evangelho, nunca mais poderá dizer que está “isento”, visto que ele está irremediavelmente cativo de um lugar-visão que é, agora, não um dado ou uma informação; mas sim um ser-sentir-ver-discernir; acabando, portanto, conscientemente, o auto-engano da “isenção”.
Todavia, como o Entendimento Espiritual só acontece como encontro com a Verdade como Confiança Visceral, o tal não teme qualquer que seja a exposição a nenhuma forma de saber, mesmo que seja “toda a ciência dos egípcios”, ou dos “babilônios”, pois, uma vez tendo-se o Entendimento, todas as demais coisas são julgadas espiritualmente por ele.
Daí também o homem espiritual não ser entendido pelo homem natural; pois as coisas que o Homem Pneumatico diz e vê, só se discernem espiritualmente, diferentemente do Homem Psiquico.
E para se ter esse Entendido não se precisa de QI ou QE elevados. O Entendimento não compete em nenhuma área, e não se mostra se não como Existência; e na existência sua maior marca é amor e paz.
Entendimento Espiritual, em Paulo, é ver as coisas com a mente de Cristo. E, para Paulo, a mente de Cristo é o ethos, e é o conteudo do Evangelho da Graça de Deus. Para ele, quando alguém passa a olhar a vida, a si mesmo, ao mundo, ao próximo, e todo o Universo que ele discirne, com esse olhar; então, é porque o Entendimento Espiritual o possuiu.
O resto é crescimento para o Entendimento que excede todo entendimento, e que nem por causa disso não é Entendido; só não é, muitas vezes, referível, visto que os termos e expressões do homem, não são adequados a tal percepção.
O Verbo é mais que todos os verbos!
Além disso, o Entendimento obedece uma única lógica: a do amor, que se manifesta para os homens como Graça; portanto, ele obedece a Lógica da Loucura, visto que o Evangelho é Loucura.
Assim, o Entendimento só acontece como fé em meio ao Paradoxo!
E o primeiro passo nesse Caminho do Entendimento Espiritual para um cristão é, de saída, reconhecer e confessar que ele não é cristão; e também que jamais possuirá por si mesmo o Entendimento.
O Entendimento Espiritual me remete logo para a Revelação como Culpa e como Graça; visto que o Entendimento vem da Iluminação da Palavra, e que se infiltra nas entranhas do ser de tal modo que eu sou eu, mais sei que há algo em mim que é sempre maior que eu, e que me cativa como o mar faz com os peixes.
O Entendimento é o Mar. Eu sou o peixe. O peixe não tem o Mar. O Mar, porém, tem o peixe. Assim, eu só Entendo porque creio que vivo no Ambiente onde tudo é Entendimento. Nesse ponto Mar e Peixe virão uma coisa só.
Caio
Escrito em 2004
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Leitura complementar:
DA IDADE DA PEDRA À IDADE DA CONSCIÊNCIA NA GRAÇA.
Quando Paulo se referiu aos de Israel como “tendo zelo de Deus, porém sem entendimento”, ele falava de gente de bom coração, mas que não discerniu o bem.
E é desse tipo de gente que na maioria das vezes a religião está lotada. É gente de coração bom, mas que em razão de uma fé pedrada pela lei, pela moral, pela justiça própria, pelo dever de ser inflexível e sem amor em nome da verdade, se tornou gente da impiedade, mesmo não sendo maus.
É triste constatar que aquilo que deveria ser absolutamente simples e claro, aberto como o horizonte, e imenso como o mar da liberdade, se tornou a loucura e a insanidade que impede homens bons de serem pessoas que façam o bem.
Falo aqui daqueles que crêem em Jesus, ou, pelo menos, dizem crer. Sim, falo dos que dizem que crêem no Evangelho.
Na maioria dos casos, são pessoas boas, mas…, tanto mais quanto se aprofundem nas entranhas daquilo que supostamente carrega ‘o poder do culto a Deus’, mais pedradas vão ficando; e, assim, mais incapacitadas de fazer o bem, puro e simples, elas vão se tornando.
Fizeram o Bom virar Lei. Então, tornaram-se perversos. Assim, não sabem mais fazer o Bem. Portanto, como disse Paulo, “têm zelo de Deus, porém, sem entendimento”.
Desse modo ficamos sabendo que o Bem é fruto antes de tudo de um Entendimento. E o único entendimento que se ajusta em absoluto ao Bem, é o Entendimento conforme a Graça.
Qualquer outro entendimento terá seu limite e sua fixidez. Seja a Lei, seja o Carma, seja a Evolução, seja o Céu, seja o Nirvana; seja pela via da Renuncia, seja pelo Zelo, seja pelas Obras, seja pela Sabedoria, seja como for… Tem o seu limite, que é a própria Disciplina visando o alcance do Supremo.
O limite, portanto, sempre é uma Lei.
E em qualquer Lei há a previsão do que é Bom; nela, porém, não há o poder de realizar o Bem, posto que a vida está cheia de situações nas quais o Bem está para além do Bom, visto que muitas vezes para se atingir o Bem, a Lei não pode se fazer de vigente, em razão de que ela é freqüentemente menor do que as situações da própria vida.
A Lei é o limite… Mas o Bem está para além do limite.
E que Bem é esse que está para além do Bom Geral, que é a Lei?
Ora, a Lei é para todos. Mas o Bem é para indivíduos.
O que realiza o Bem é a justiça conforme o amor, que, segundo Jesus, excede a justiça da religião; ou seja: a justiça dos escribas e fariseus.
A leitura dos Atos de Jesus nos Evangelhos nos mostra o significado de que o Bem está para além da Lei.
O entendimento que é maior que qualquer zelo, é aquele que só tem de fixo, a fluidez do amor. Assim, ele é fixo na total mobilidade da vida, e, por essa razão, se faz aplicar com absoluta propriedade para além de qualquer lei.
É por isso que a Lei é gravada em Pedras. Mas o Amor só pode ser gravado no Coração. Pois a pedra é própria para a Lei, assim como o coração é próprio pro Amor, posto que a pedra é fixa, mas o coração pulsa e bate… e move a vida.
“Eles têm zelo de Deus, porém sem entendimento”—disse Paulo dos judeus amantes da Lei.
Assim, pela antítese, Paulo nos ensina que o verdadeiro amor por Deus é fruto de um entendimento, e, que esse entendimento é o da Graça de Deus, pois, é somente na Graça que a justiça de Deus se revela como amor; o qual é maior que tudo.
“O que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles, pois, esta é a lei e os profetas”—disse Jesus.
Para Jesus o entendimento conforme o Evangelho da Graça de Deus era algo que se manifestava na simplicidade desse princípio único, dessa ‘uma só coisa necessária’, e que é maior do que a Lei e os Profetas.
Quem teve a mente convertida a esse princípio, esse obteve o entendimento que se renova na mente, e que produz a verdadeira piedade, a qual, por ser algo de homem para homem (… o que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles…), implica em uma crescente manifestação da nossa melhor humanidade; sendo isto mesmo aquilo que nos põe no caminho do varão perfeito, o qual se renova no espírito do seu entendimento sempre; e, assim, vai sendo transformado de glória em glória, conformando-se cada vez mais à imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo, o Homem.
Este é o resumo do caminho que nos leva da infância da Lei de Pedra para o Entendimento que é segundo a Lei da Graça.
Esta tem que ser a jornada de todo aquele que deseja amar a Deus com alma e entendimento.
Na Graça o único zelo que se conhece é o zelo da fé que atua pelo amor.
Caio